Eudemonia, da escritora brasileira Cassandra Rios, é um romance relegado ao esquecimento pela literatura brasileira e pelas autoridades políticas da época de sua publicação, em 1952. A razão para esse apagamento reside na abordagem tida como subversiva do amor entre mulheres. Atualmente, poucos exemplares do romance e de outros títulos da prolífica obra de Cassandra Rios podem ser encontrados, de modo a evidenciar a pouca abertura do cânone literário brasileiro à representação de corpos e identidades diversas. O romance, por sua vez, retrata a homossexualidade como uma doença, mas adota uma postura crítica ao desafiar os padrões falocêntricos de uma sociedade que restringe a autonomia das mulheres. Por meio de uma pesquisa bibliográfica que engloba textos como Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade, de Judith Butler, Observa-se que a escrita de Cassandra Rios emerge como uma ferramenta crucial para a ampliação de identidades e a desconstrução de pensamentos estabelecidos. Sua obra não apenas dá voz a grupos silenciados, mas funciona como um meio precioso de representação e denúncia. Nesse contexto, o presente artigo ratifica Cassandra Rios como um marco na literatura LGBTIA+ e homoerótica brasileira. Sua obra, mesmo enfrentando repressão durante a ditadura Vargas e militar, transcende as tentativas de apagamento e resiste às opressões masculinas e heterossexistas. Cassandra Rios emerge como uma força que, em momentos perigosos, abriu portas.
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